Níveis baixos de globulina calculada como biomarcador para triagem de deficiência de anticorpo de origem primária ou secundária
Níveis inadequados de imunoglobulinas podem ser classificados como hipogamaglobulinemia, quando as imunoglobulinas estão em níveis baixos, ou agamaglobulinemia, quando estão ausentes. Quadros de hipogamaglobulinemia ou agamaglobulinemia podem ter causas primárias ou secundárias e levam a maior suscetibilidade a infecções, autoimunidade e malignidades.
As manifestações clínicas relacionadas a deficiências de anticorpo são diversas, mas as mais frequentemente relatadas são pneumonias e sinusites. Quando não tratadas, as deficiências de anticorpo podem levar a infecções de repetição, que resultam em sequelas, como doença pulmonar crônica e bronquiectasias, e consequentemente comprometimento da qualidade de vida, bem como infecções graves e potencialmente fatais.
O tratamento para redução do risco de infecções em indivíduos com hipo ou agamaglobulinemia pode ser realizado através da antibioticoterapia profilática e/ou reposição de imunoglobulinas. Estudos evidenciam benefícios da terapia de reposição de imunoglobulinas tanto nas deficiências de anticorpo secundárias, principalmente na leucemia linfocítica crônica, quanto nas deficiências primárias de anticorpo (DPAs), com redução concreta dos casos de pneumonias.
O diagnóstico dessas condições tende a ser tardio, levando a atraso para iniciar o tratamento, consequentemente, maior comprometimento da saúde dos afetados. Uma estratégia para diminuição do tempo de diagnóstico é a triagem de oportunidade, buscando evidências de hipo ou agamaglobulinemia em testes laboratoriais de rotina, como eletroforese de proteínas e proteínas totais e/ou frações.
Estes testes quantificam e segregam as proteínas séricas, incluindo as globulinas, pressupõe-se que possam servir como um sinal de alerta para investigação direcionada para hipo ou agamaglobulinemia, mesmo que estas hipóteses diagnósticas não tenham sido consideradas inicialmente pelas equipes de assistência, possibilitando antecipação de diagnóstico.
O objetivo deste estudo é validar o uso dos exames de eletroforese de proteína e/ou proteínas totais e frações como teste de triagem de oportunidade e sua utilização como sinal de alerta para hipo ou agamaglobulinemia em crianças e adolescentes.