Projeto investiga nova combinação de compostos naturais para tratar inflamação intestinal

Um novo projeto de pesquisa coordenado pela pesquisadora Daniele Maria Ferreira, do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe (IPP) e da Faculdades Pequeno Príncipe (FPP), promete lançar luz sobre abordagens inovadoras para o tratamento de doenças inflamatórias intestinais. Iniciado em fevereiro de 2025, o estudo é um dos contemplados pela chamada Conhecimento Brasil, do CNPq/MCTI/FNDCT, que apoia parcerias entre cientistas brasileiros e pesquisadores atuando no exterior.
O foco da pesquisa é investigar a ação combinada de compostos naturais prebióticos sobre a inflamação intestinal. “A proposta é avaliar se a combinação desses prebióticos pode ser mais eficaz do que o uso isolado de cada um deles, principalmente na modulação da microbiota intestinal e na redução da inflamação”, explica Daniele, que é professora do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Aplicada à Saúde da Criança e do Adolescente da FPP e do IPP.
As doenças inflamatórias intestinais, como a colite ulcerativa, afetam milhares de pessoas no Brasil e no mundo. São condições crônicas que comprometem a qualidade de vida e desafiam médicos e pacientes. Nos últimos anos, a ciência tem apontado a microbiota intestinal — o conjunto de micro-organismos que habita o intestino — como peça-chave para entender e tratar essas doenças. O novo projeto aposta justamente nessa via, utilizando compostos naturais com potencial anti-inflamatório e modulador da microbiota intestinal.
Além da equipe brasileira, o estudo contará com a colaboração da pesquisadora Thaisa Moro Cantu-Jungles, da Purdue University (EUA), especialista em ciências dos alimentos e microbiota intestinal. Segundo Daniele, “essa parceria internacional fortalece a qualidade científica do projeto e contribui significativamente para a formação de redes colaborativas entre o Brasil e instituições de excelência no exterior”.

Um time multidisciplinar em rede
O projeto reúne pesquisadores de diferentes instituições brasileiras, com expertises complementares em biotecnologia, farmacologia, imunologia e química de produtos naturais. Integram a equipe, além de Daniele e Thaisa, os pesquisadores Fhernanda Ribeiro Smiderle, Lauro Mera de Souza e Cleber Machado de Souza, ambos do IPP; Marcelo Biondaro Góis (Universidade Federal de Rondonópolis); Andersson Barison (Universidade Federal do Paraná); e Lucas Antonio Duarte Nicolau (Universidade Federal do Delta do Parnaíba).
“A construção dessa rede é um reflexo direto da consolidação do nosso Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Aplicada à Saúde da Criança e do Adolescente”, destaca Daniele. “Esse tipo de projeto não apenas amplia as fronteiras do conhecimento, mas também fortalece o papel do Instituto de Pesquisa Pelé como um polo de inovação científica em saúde”, complementa.
Perspectivas e impactos
A previsão é a de que os estudos em modelo animal se estendam até janeiro de 2027, utilizando técnicas avançadas de caracterização química, análise da microbiota intestinal e avaliação de metabólitos gerados no intestino. Os resultados poderão abrir caminho para o desenvolvimento de terapias mais eficazes e naturais para pacientes com colite ulcerativa e outras condições inflamatórias intestinais.

“O intestino é um órgão central na saúde humana. Quando conseguimos entender como certos compostos naturais interagem com a microbiota, abrimos portas para tratamentos mais seguros, acessíveis e baseados na biotecnologia”, afirma a pesquisadora.
A iniciativa reforça o compromisso do IPP e da FPP com a produção de ciência de alto impacto, voltada para a saúde e o bem-estar das pessoas. Para Daniele, “esse projeto representa um passo importante na busca por soluções inovadoras e sustentáveis em saúde e evidencia o potencial transformador da pesquisa científica feita no Brasil, com parcerias internacionais estratégicas”.