Pesquisa do IPP revela impacto tóxico de herbicidas em células humanas

A pesquisadora Izonete Cristina Guiloski, do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe (IPP), apresentará, no XVII Congresso Brasileiro de Ecotoxicologia (XVII ECOTOX), em Belém (PA), de 22 a 25 de outubro de 2024, seu estudo intitulado “Citotoxicidade e estresse oxidativo em células intestinais humanas (CACO-2) induzida pela mistura de herbicidas dicamba e 2,4-D”. O trabalho foi desenvolvido em parceria com as estudantes Nathalia Kirsten e Shayane da Silva Milhorini, ambas orientandas de Izonete no IPP.
A pesquisa investiga os impactos tóxicos de dois herbicidas amplamente utilizados, o Dicamba e o 2,4-D, sobre uma linhagem de células intestinais humanas, conhecidas como CACO-2. Segundo Izonete, o estudo visa a entender melhor como esses compostos, quando aplicados sozinhos ou em combinação, podem afetar a saúde humana. “Agrotóxicos são capazes de contaminar animais, aves, peixes e humanos, podendo causar danos na saúde e no meio ambiente. Esses produtos químicos podem prejudicar as células, causando danos no DNA e aumentando o risco de doenças como o câncer”, destaca a pesquisadora.
As células foram expostas aos herbicidas por 24 horas e 72 horas, e os resultados mostraram que, principalmente após o período mais longo de exposição, a mistura de Dicamba e 2,4-D nas concentrações mais altas provocou danos significativos às células e aumentou a atividade de enzimas responsáveis por combater o estresse oxidativo. “O resultado mostra que a mistura dos dois gerou um efeito tóxico mais forte, sugerindo que o uso combinado desses produtos pode prejudicar organismos como os humanos, especialmente em longos períodos de exposição”, explica Izonete.
O XVII ECOTOX tem como tema “ECOTOX na Amazônia: Integrando clima, ambiente, saúde e sociedade”, buscando promover discussões que integrem diferentes setores da sociedade na análise dos impactos ambientais causados por contaminantes, com foco na ecotoxicologia. Ao longo do evento, espera-se que a comunidade científica discuta desde a contaminação de solo, ar e água até os riscos ambientais e os avanços metodológicos na área. O congresso terá palestras, apresentações científicas e minicursos, criando um espaço de troca de conhecimento entre academia, empresas e poder público.
O estudo da equipe do IPP contribui para esse debate ao evidenciar os riscos associados ao uso indiscriminado de agrotóxicos, trazendo à tona a necessidade de uma regulamentação mais rigorosa e de políticas públicas focadas no desenvolvimento sustentável.