Espaço para pesquisa no Criança 2025 reforça missão científica do Complexo Pequeno Príncipe

Pela primeira vez em sua história, o Congresso Internacional de Especialidades em Pediatria incluiu em sua programação oficial um módulo voltado exclusivamente à pesquisa científica. O Módulo de Pesquisa Básica Aplicada marcou o Criança 2025, realizado entre os dias 23 e 27 de maio, no centro de convenções Viasoft Experience, em Curitiba. Cerca de três mil participantes, entre especialistas da saúde e estudantes, passaram pelo congresso, que foi promovido pelo Hospital Pequeno Príncipe (HPP) e reuniu mais de 600 palestrantes do Brasil e do exterior.
“A criação de um módulo de pesquisa mostra que o Complexo Pequeno Príncipe continua investindo na integração entre assistência, ensino e ciência. A busca por soluções inovadoras para os problemas de saúde das crianças passa, necessariamente, pela pesquisa de excelência, e esse evento reforça esse compromisso”, avaliou Bonald Cavalcante de Figueiredo, diretor-científico do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe (IPP).
Para Carolina Cardoso de Mello Prando, diretora de Medicina Translacional do IPP e médica do HPP, a inclusão da pesquisa como eixo do congresso amplia as possibilidades de integração entre as diferentes áreas da saúde infantojuvenil.
“Nosso objetivo de fazer pesquisa no Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe é alinhar essa curiosidade e inovação da pesquisa aos cuidados em saúde. Então, ter um módulo de pesquisa nesse congresso, fazer parte dessa programação, é fundamental. É importante debater com os especialistas clínicos as diferentes possibilidades que a pesquisa pode trazer para a melhoria do atendimento aos pacientes”, afirmou.
Carolina ressaltou ainda que a sala de pesquisa foi pensada como um espaço de diálogo transversal, permitindo o trânsito de diferentes especialidades médicas, pesquisadores e estudantes. “Essa troca também estimula nossos pesquisadores e alunos a ampliarem seus sentidos ao visitarem outras salas e áreas do Hospital.”


Temas de ponta e cooperação internacional
Em sua quinta edição, o Criança 2025 promoveu uma série de mesas-redondas, painéis e conferências sobre pesquisa, diagnóstico e tratamento de doenças pediátricas. As discussões abordaram câncer, imunologia, genética, medicina de precisão, transtornos do neurodesenvolvimento, terapias avançadas, bioética e políticas públicas.
Destaque para a mesa sobre carcinoma de córtex adrenal pediátrico, coordenada por Bonald Figueiredo, que apresentou resultados promissores de um estudo pré-clínico sobre vacina terapêutica desenvolvida no IPP. O pesquisador Raul Correa Ribeiro, do St. Jude Children’s Research Hospital (EUA), falou sobre o uso da imunoterapia nesse tipo raro de câncer.
“Foi uma discussão muito boa. Falamos sobre imunoterapia, descrevendo protocolos diferentes. O que queremos, no caso da nossa vacina terapêutica [AVT], é combinar os pontos fortes de três abordagens: nossa vacina, linfócitos ativados e inibidores de checkpoint. Esse protocolo triplo será comparado com o tratamento por células CAR-T, que também estamos testando com tumores pediátricos do Paraná. Agora, o próximo passo é avaliar a resposta desses tratamentos nos modelos pré-clínicos”, explicou Bonald.
A pesquisadora Luciane Regina Cavalli (IPP) coordenou uma mesa sobre pesquisa translacional em tumores pediátricos, destacando as contribuições da genética e da medicina de precisão para novas abordagens terapêuticas, com apresentações de Elvis Terci Valera, Jaqueline de Oliveira e da própria Cavalli.
Outra mesa-redonda reuniu pesquisadoras da área de ensino e pediatria, sob coordenação de Leide da Conceição Sanches, da Faculdades Pequeno Príncipe (FPP), com participação de Rosiane Guetter Mello, pesquisadora colaboradora do IPP e diretora de Pesquisa e Pós-Graduação da FPP, Izabel Cristina Meister Martins Coelho e Carolina Prando.



No dia 25, os efeitos adversos do tratamento oncológico, como a mucosite oral, foram tema do painel “Tratamento Antineoplásico e Mucosite Oral”, coordenado por Daniele Maria Ferreira (IPP), que teve como palestrantes André Vieira de Souza (HPP), Cleber Machado de Souza (IPP) e a própria Daniele.
No mesmo dia, houve a apresentação do Grupo de Revisões Sistemáticas da Faculdades Pequeno Príncipe. A mesa foi coordenada por Rosiane Mello e teve palestras de Claudia Oliveira (IPP), Camila Marques (HPP) e Daniele Ferreira.
As evidências científicas no uso de canabinoides em pediatria foram discutidas em conferência presidida por Claudia Oliveira, com falas de Quelen Garlet, Emanuelle de Lara Oliveira, Regina Azevedo Costa e Cristina Aparecida Jark Stern.
Outro ponto alto da programação foi o debate sobre TDAH, autismo e deficiência intelectual, coordenado por Mara Lucia Cordeiro, diretora de Relações Institucionais do IPP, com apresentações de Antonio Carlos de Farias, Tiago Bara e Gustavo Manoel Schier Doria.




No dia 26, o foco recaiu sobre doenças imunológicas, imagem pediátrica e terapias neurológicas. Laire Schidlowski Ferreira (IPP) coordenou a mesa sobre doenças do sistema imune, com destaque para a fala de Bruno Dallagiovanna (Fiocruz Paraná) sobre a formação de redes para diagnóstico genético em doenças raras, além da apresentação de Carolina Cardoso de Mello Prando sobre novos alvos terapêuticos em erros inatos da imunidade.
Hugo Schelin coordenou debate sobre o equilíbrio entre dose de radiação e qualidade de imagem, com participação de Dolores Bustelo, Anna Luiza Metidieri Cruz Malthez e Rosangela Requi Jakubiak.
A mesa sobre doenças neurológicas da infância foi conduzida por Katherine Carvalho Teixeira (IPP), com exposições de Ana Carolina Irioda (IPP), Nathalia Barth de Oliveira (EUA) — em participação online — e da própria Katherine.


Bioética, saúde única e sustentabilidade
A discussão sobre ética e humanização na prática científica teve espaço no módulo de Bioética e Humanização, com falas de Mario Sanches, Nilton Kiesel Filho e Sandra Kyosen.
No dia 27, a mesa sobre saúde única, coordenada por Libera Maria Dalla Costa, abordou temas como resistência antimicrobiana e impacto ambiental dos serviços de saúde, com apresentações de Danieli Conte, Jéssica Brustolim Lazarotto e Dany Mesa.
O diretor-corporativo do Complexo Pequeno Príncipe, José Álvaro da Silva Carneiro, que participou do debate, reforçou a importância de agir localmente para gerar impactos reais: “Não basta pensar globalmente. Temos de nos responsabilizar por onde vivemos, atuamos e fazemos ciência.”
Vacinação, nutrição e farmacologia
Ainda no último dia, mesas-redondas discutiram vacinação infantil, nutrição parenteral e desafios da administração de fármacos em pediatria. A vacinação infantil foi foco de uma mesa coordenada por Izonete Guiloski (IPP), com palestras de Viviane Serra Melanda, Heloísa Ihle Garcia Giamberardino e da própria coordenadora.
Seguiram-se debates sobre nutrição parenteral, com coordenação de Claudia Oliveira e apresentações de Jocemara Gurmini, Meire Ellen Pereira e Julia Vicentin; e uma mesa-redonda sobre os desafios da administração de fármacos em pediatria, coordenada por Lauro de Souza Mera (IPP), com palestras de Fábio de Araújo Motta, vice-diretor-técnico de Qualidade e Pesquisa Clínica do HPP, e Marinei Campos Ricieri.



Avaliação positiva e reconhecimento
O coordenador-geral do Criança 2025, Victor Horácio de Souza Costa Júnior, celebrou o sucesso do evento. “Foi um congresso diferente, com diálogo real com quem participou. Tivemos momentos intensos de estudo em pediatria. Montar um congresso desse porte é para uma instituição que acredita no seu potencial — e para heróis”, realçou. Segundo ele, a estrutura com congressos simultâneos e ampla diversidade temática garantiu a atualização dos participantes e fortaleceu o papel formador do Complexo Pequeno Príncipe.
Ao fim de cinco dias de intensas trocas científicas, o Criança 2025 reafirmou seu papel como um dos mais relevantes encontros da pediatria internacional, promovendo ciência, empatia e inovação em favor da saúde infantojuvenil.