Do laboratório ao mundo: doutorandos da FPP/IPP levam pesquisa brasileira a centros de excelência

A ciência que nasce nas salas de aula da Faculdades Pequeno Príncipe (FPP) e nos laboratórios do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe (IPP) tem ultrapassado fronteiras. Nos últimos meses, quatro doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Aplicada à Saúde da Criança e do Adolescente da FPP/IPP embarcaram — ou estão prestes a embarcar — para estágios de doutorado sanduíche em renomadas instituições internacionais. Mais do que uma vivência acadêmica, essa imersão em centros de excelência fortalece a formação dos jovens cientistas e projeta o programa no cenário científico global.
“Refletindo a maturidade do nosso programa, essas conquistas destacam o papel transformador da internacionalização. Ela não apenas amplia os horizontes, mas também promove uma formação globalizada para os nossos estudantes, preparando-os para os grandes desafios da saúde”, afirma Rosiane Guetter Mello, diretora de Pesquisa e Pós-Graduação da FPP e pesquisadora colaboradora do IPP.
A internacionalização dos programas de pós-graduação é uma prioridade estratégica da Capes, que reconhece o papel fundamental da ciência em rede para o avanço do conhecimento. A instituição fomenta a cooperação acadêmica, a mobilidade de docentes e discentes e a consolidação de parcerias internacionais. Esses programas oferecem bolsas, auxílios para intercâmbio e suporte a projetos colaborativos, além de estimular a elaboração de planos institucionais de internacionalização pelas universidades brasileiras. Dessa forma, a Capes valoriza a inserção da pesquisa nacional em contextos globais, promovendo maior visibilidade, impacto científico e integração do Brasil em agendas de desenvolvimento internacional.
“A presença dos nossos doutorandos em instituições de ponta no exterior não apenas enriquece suas pesquisas individuais, mas também abre caminhos para colaborações institucionais que impactam toda a comunidade acadêmica e científica do Pequeno Príncipe”, realça Regina Poleza Toazza, coordenadora do Núcleo de Educação e Relações Internacionais (NERI) da FPP.
Primeira a desbravar caminhos

Maria Eduarda de Andrade Galiciolli foi pioneira: a primeira estudante do programa a conquistar uma bolsa do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE), da Capes. Passou seis meses na Mercer University, nos Estados Unidos, onde avançou em sua pesquisa sobre o timerosal — conservante presente em vacinas multidoses ofertadas pelo SUS.
“O Brasil ainda utiliza o timerosal, mas há poucas informações científicas sobre limites seguros de uso. Essa experiência me permitiu acesso à infraestrutura e metodologias que mudaram minha forma de pensar a ciência”, conta. De volta ao país, Maria Eduarda ampliou redes de contato e participou de congressos nos EUA, experiência que impulsionou sua trajetória até seu atual posto na Fiocruz Paraná.
Para a orientadora, professora Claudia Sirlene de Oliveira, a conquista da aluna “abriu portas para outros estudantes do programa buscarem oportunidades semelhantes, fortalecendo a cultura da internacionalização”.
Tecnologia de ponta e dupla titulação
Nádia Nascimento da Rosa foi orientada pela neurologista Katherine Athayde Teixeira de Carvalho. (Foto: Complexo Pequeno Príncipe / Ricardo Marques de Medeiros)
A jornada de Nádia Nascimento da Rosa começou no Grupo de Pesquisa em Terapia Avançada e Biotecnologia Celular em Medicina Regenerativa, sob orientação da neurologista Katherine Athayde Teixeira de Carvalho. Seu trabalho — criar uma estrutura 3D da substância nigra com células-tronco diferenciadas — ganhou fôlego com um estágio de seis meses na Maastricht University, na Holanda.
“No MERLN Institute, tive acesso a tecnologias como microscopia de dois fótons e bioimpressão de alta precisão. Foi transformador”, relata Nádia, que ainda conquistou a possibilidade de dupla diplomação entre a FPP/IPP e a universidade holandesa.
Para Katherine Carvalho, “os resultados obtidos contribuem para novas perspectivas terapêuticas no Parkinson e elevam a projeção internacional do nosso programa”.
No dia 12 de agosto, a FPP realizou a palestra “Experiências internacionais em biotecnologia nos EUA e Holanda: como chegamos aqui?”, no auditório da instituição, com apresentações de Maria Eduarda e Nádia compartilhando suas trajetórias e aprendizados obtidos no exterior.
Opioides em perspectiva internacional

A doutoranda Luíza Siqueira Lima embarcou em setembro para a Universidade de Pádua (Università degli Studi di Padova), na Itália, graças à chamada Mobility Confap Italy 2025. Lá, realizará uma revisão sistemática e meta-análise sobre o uso de opioides na Europa, ampliando as comparações com a realidade brasileira.
“Muitos países vivem uma epidemia de opioides. Conhecer seus padrões de uso e consequências vai trazer insights valiosos para o Brasil”, afirma Luíza.
A orientadora, Claudia Oliveira, ressalta: “Essa vivência permitirá um aprofundamento em temas pouco explorados no Brasil, fortalecendo não só a formação da estudante, mas o impacto do projeto como um todo.”
Rumo à Austrália

O próximo a cruzar oceanos será Leonardo Vinícius Barbosa, aprovado no PDSE para desenvolver parte de sua pesquisa no Frazer Institute, da Universidade de Queensland, na Austrália — referência mundial em estudos de câncer.
“Eles têm equipamentos de última geração para análise do transcriptoma espacial, o que vai ampliar nossa compreensão do microambiente tumoral e ajudar a identificar novos alvos terapêuticos”, explica Leonardo.
Para o orientador, Cleber Machado de Souza, a conquista “representa um marco para a internacionalização da pós-graduação e abre novas possibilidades de colaboração científica”.
O programa e seu alcance
O Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Aplicada à Saúde da Criança e do Adolescente, fruto da parceria entre a FPP e o IPP, integra pesquisa de ponta e formação acadêmica, com ênfase em soluções para problemas de saúde infantil e juvenil. A internacionalização é um de seus pilares estratégicos, seja por meio da mobilidade física, seja pela chamada “internacionalização em casa”.
Internacionalização sem sair do Brasil
Pesquisa coordenada por Regina Toazza, do Programa de Pós-Graduação em Ensino nas Ciências da Saúde da FPP, revela que 89,7% das instituições de ensino superior brasileiras na área da saúde já adotam ações de internacionalização em casa (IeC) — experiências internacionais sem a necessidade de deslocamento físico. “A IeC é uma ferramenta poderosa para ampliar horizontes acadêmicos e culturais, mesmo para quem não pode viajar”, diz Regina.