Proteção radiológica pediátrica: pesquisadores do IPP trabalham em estudo inovador

Um grupo de pesquisa liderado pelo cientista Hugo Reuters Schelin, do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe (IPP), está impulsionando avanços na proteção radiológica pediátrica. A pesquisa conduzida pela pós-doutoranda Akemi Yagui, estudante do IPP, nasceu de uma iniciativa de Schelin, que já possuía um grupo consolidado em radiologia no Hospital Pequeno Príncipe (HPP). Ele decidiu expandir os horizontes para a radiologia intervencionista, uma área promissora, mas complexa, principalmente na cardiologia pediátrica.
Akemi, sob sua orientação, deu início ao projeto em 2019, enfrentando o desafio de construir um estudo em um campo ainda pouco explorado. “A receptividade da equipe do Hospital foi fundamental para superar obstáculos iniciais, como a coleta de dados e o desenho da pesquisa. Também tivemos apoio de pesquisadores renomados, nacionais e internacionais, que ajudaram na análise dos resultados”, destacou Akemi.
O grupo é formado também pela mestranda Bruna Gabrielli Viero Vargas e as alunas de iniciação científica Júlia Wojciechovski dos Santos, Liège Gaertner Mourão e Leticia Furman Bacil, todas do Programa Biotecnologia Aplicada à Saúde da Criança e do Adolescente, da Faculdades Pequeno Príncipe (FPP). A equipe conta ainda com o apoio do físico médico Adriano Legnani e da coordenadora da Enfermagem, Flávia Marafigo, ambos do HPP.
A pandemia foi um dos principais desafios enfrentados, com a suspensão temporária das coletas de dados. No entanto, a equipe obteve resultados promissores. A pesquisa analisou doses de radiação em procedimentos de cardiologia intervencionista pediátrica, utilizando relatórios fornecidos pelos equipamentos médicos após cada intervenção.
A relevância do projeto extrapola os limites do HPP. Seus dados estão alinhados com os objetivos do projeto Otimizando Práticas Radiológicas em Pediatria na América Latina e Caribe (OPRIPALC), um programa coordenado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e Organização Mundial da Saúde (OMS), em cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). “Os resultados do nosso estudo já estão contribuindo para estabelecer níveis de referência em diagnóstico na região”, explicou Akemi.
Esses níveis são cruciais para identificar casos em que as doses de radiação estão acima ou abaixo dos padrões, promovendo maior segurança e qualidade nos procedimentos. Embora ainda não tenham sido implementadas medidas de otimização, a pesquisa revelou que os valores de dose registrados no HPP são menores que os de estudos similares em outros países. Isso reforça a eficácia da proteção radiológica já praticada pela equipe do Hospital.
“Nosso próximo passo é propor estratégias concretas de otimização das doses, em parceria com estudantes de iniciação científica do curso de Medicina da Faculdades Pequeno Príncipe. Estamos confiantes de que isso terá um impacto significativo nas práticas de cardiologia pediátrica”, enfatizou Akemi.

Um momento marcante para Akemi foi conciliar a maternidade com a conclusão do doutorado. “Tornar-me mãe mudou minha perspectiva sobre a importância do nosso trabalho. Hoje, vejo cada criança atendida como alguém que merece o máximo de cuidado e atenção”, revelou.
Para Hugo Schelin, a força do IPP e do HPP está em sua estrutura colaborativa. “Contamos com profissionais e pesquisadores de diversas áreas que contribuem de maneira essencial. Esse é o diferencial que nos permite liderar projetos de grande impacto”, afirmou.
Com planos de expansão para outras áreas médicas, como a neurorradiologia, a equipe mantém sua visão de vanguarda. “Queremos não apenas estabelecer referências, mas também transformar práticas, garantindo o melhor cuidado possível para nossas crianças”, concluiu Akemi.
A pesquisa do IPP em parceria com o HPP não é apenas uma contribuição científica, é um exemplo de como dedicação e colaboração podem transformar o futuro da medicina pediátrica.