Estudante do IPP retorna ao Brasil com avanços em pesquisa sobre toxicologia do timerosal

Maria Eduarda de Andrade Galiciolli, doutoranda do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe (IPP) no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Aplicada à Saúde da Criança e do Adolescente do IPP em parceria com a Faculdades Pequeno Príncipe (FPP), retornou recentemente ao Brasil após seis meses nos Estados Unidos, onde realizou uma bolsa sanduíche com apoio do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Primeira aluna do programa de pós-graduação do IPP em parceria com a FPP a ser contemplada com essa oportunidade, ela trouxe na bagagem avanços significativos para sua pesquisa sobre o composto timerosal, um conservante utilizado em vacinas multidoses.
Orientada pela pesquisadora Claudia Sirlene de Oliveira, Maria Eduarda estuda os mecanismos de ação e a toxicidade do timerosal, um composto à base de mercúrio amplamente utilizado no Brasil em vacinas ofertadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “O Brasil ainda utiliza o timerosal como conservante de vacinas multidoses e, até o momento, não há informação suficiente na literatura que permita estabelecer um limite seguro para o uso desse composto”, explica Maria Eduarda.

Durante seu período no exterior, ela integrou o grupo de pesquisa da toxicologista Christy Bridges, na Mercer University, localizada em Macon, no estado da Geórgia, uma conexão estabelecida por sua orientadora, Claudia, que também realizou bolsa no mesmo laboratório anos antes. “Essa experiência foi essencial para o avanço da pesquisa da Maria Eduarda. Ela teve acesso a técnicas inovadoras de detecção de mercúrio em tecidos, inviáveis no Brasil devido ao alto custo”, destaca Claudia.
Colaborações internacionais
Nos Estados Unidos, Maria Eduarda trabalhou com modelos experimentais que permitiram observar a distribuição do mercúrio derivado do timerosal em diferentes tecidos de ratos. “Até o momento, não há publicações com resultados semelhantes aos nossos. Essa originalidade abre caminho para publicações futuras e para novas linhas de investigação”, comemora a doutoranda.
A experiência também proporcionou colaborações internacionais que fortalecerão a pesquisa no Brasil. “Expandi minha rede de contatos e mantive a comunicação com pesquisadores dos Estados Unidos, o que certamente beneficiará minha área de estudo aqui”, acrescenta Maria Eduarda.
Com foco na saúde infantil, o projeto da doutoranda busca entender os efeitos do timerosal, presente em vacinas administradas a crianças de 0 a 10 anos pelo SUS. “Acredito que, compreendendo o mecanismo de ação e a toxicidade desse composto, será possível estabelecer um limite seguro para seu uso e até mesmo pensar em substituições futuras”, afirma.
Para Maria Eduarda, a experiência internacional transformou sua visão sobre a pesquisa científica. “A ciência no Brasil é muito desafiadora e, por vezes, desgastante. Nos Estados Unidos, tive contato com uma infraestrutura diferente e com metodologias inovadoras, o que mudou minha perspectiva. Hoje, consigo me ver realizada profissionalmente, trabalhando com o que amo”, diz ela.
Claudia reforça a importância do intercâmbio para o desenvolvimento da pós-graduação no Brasil. “O PDSE desempenha um papel crucial, permitindo que estudantes aprendam novas técnicas, imerjam em diferentes culturas e ampliem suas redes de contato. No caso da Maria Eduarda, essa vivência foi fundamental para avançar na pesquisa de um tema tão relevante para a saúde pública”, conclui.
De volta ao Brasil, Maria Eduarda pretende aplicar o conhecimento adquirido no exterior para continuar investigando os efeitos do timerosal e contribuir para a melhoria das políticas de saúde no país. “Trazer essa experiência para o meu trabalho no IPP é uma oportunidade de fortalecer a pesquisa no Brasil e devolver à sociedade os frutos desse aprendizado.”