Pesquisa busca novas formas de tratar o neuroblastoma infantil

O neuroblastoma é um tipo de câncer que aparece quase sempre em crianças pequenas, antes dos 5 anos de idade. Apesar de não ser o mais frequente, ele é um dos mais graves: representa de 8% a 10% dos casos de câncer infantil, mas é responsável por cerca de 15% das mortes.
Um dos motivos é que, muitas vezes, o diagnóstico acontece já em estágio avançado, quando o tumor se espalhou para ossos, fígado ou medula óssea. Além disso, o tratamento é muito intenso, envolvendo quimioterapia, cirurgia, radioterapia e até transplante de medula, o que provoca efeitos colaterais pesados. Mesmo assim, não são raros os casos de resistência ao tratamento e de recaída da doença.
Para enfrentar esse desafio, a pesquisadora geneticista Luciane Cavalli, do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe (IPP) e professora do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Aplicada à Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdades Pequeno Príncipe (FPP) em parceria com o IPP, coordena um estudo que busca entender melhor como o neuroblastoma se comporta e como cada criança responde ao tratamento.
O trabalho começa com a análise de amostras dos tumores, coletadas após a cirurgia. Depois, o DNA das células do câncer é estudado para identificar alterações genéticas que possam indicar como a doença vai evoluir e para apontar os medicamentos mais eficazes.
Um diferencial da pesquisa é que a equipe também mantém células dos tumores em laboratório. Isso permite testar diferentes drogas diretamente nessas células, ajudando a prever quais tratamentos podem funcionar melhor para cada paciente.
Medicina de precisão: um cuidado feito sob medida
Essa abordagem está ligada ao que os especialistas chamam de medicina de precisão. Em vez de usar o mesmo protocolo de tratamento para todos os pacientes com um mesmo tumor, a ideia é oferecer terapias adaptadas às características individuais de cada criança e de cada tumor.
“Assim podemos escolher os medicamentos com mais chances de sucesso e com menos efeitos colaterais”, explica a pesquisadora.
Resultados e próximos passos
Os primeiros resultados já trouxeram descobertas importantes: o grupo identificou alterações genéticas inéditas em pacientes brasileiros, que podem influenciar na forma como cada criança reage ao tratamento.
Esses dados ainda precisam ser confirmados em mais casos, porém já estão chamando atenção da comunidade científica. O trabalho foi apresentado em um congresso internacional nos Estados Unidos e recebeu grande reconhecimento de médicos e pesquisadores da área.

O objetivo agora é ampliar o estudo e, no futuro, transformar esse conhecimento em protocolos de tratamento mais eficazes, capazes de aumentar as taxas de cura e melhorar a qualidade de vida das crianças.
Para Luciane, a pesquisa científica é fundamental para avançar no combate ao câncer infantil. “Estamos trabalhando para que cada criança com neuroblastoma tenha acesso a um tratamento mais eficaz e menos agressivo. Queremos levar esperança para as famílias e oferecer às crianças a chance de uma vida longa e saudável.”
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